terça-feira, 21 de junho de 2016

O olhar de Sansa na batalha dos bastardos


O nono episódio da sexta temporada de Game of Thrones intitulado batalha dos bastardos, foi para mim o melhor até agora de todos os episódios, não só a batalha, mas o retorno de Daenerys a Meereen e a ação espetacular dos dragões, como também a aliança agora firmada entre ela, os Greyjoys e Tyrion. Muita coisa virá dessa aliança e pelo visto os Greyjoys terão sua vingança contra o tio.

Já a batalha, foi épica, foi a mais intensa e mais esperada de todas as temporadas, acredito que ninguém em sã consciência desejaria um fim com misericórdia a Ramsay. Sempre imaginei que ou Theon Greyjoy ou Jhon daria o fatality em Ramsay por todos os motivos que já conhecemos, mas Sansa, personagem que cresce cada vez mais, mostrou amadurecimento e perspicácia ao alertar Jhon para que não subestimasse Ramsay, pois ela sabia exatamente do que ele era capaz, e foi justamente ela quem deu o destino final do episódio.

Agora uma coisa me chamou muito a atenção: minha reação ao ver a morte de Ramsay. E acredito que tenha sido a reação de quase todos que assistem a série. Uma sensação enorme de justiça feita. Naquele momento em que Sansa chega e com o olhar quase que sem piscar, decreta o destino de Ramsay sem demonstrar piedade, foi o momento em que pensei nos últimos acontecimentos envolvendo casos de estupro no Brasil, e casos de corrupção, mais especificamente alguns políticos. Por um momento, tirei a figura de Ramsay e imaginei alguns políticos ali, sentados naquela cadeira, e imaginei também os estupradores e pedófilos. A falta de misericórdia no olhar Sansa, foi alterada para um desejo e sentimento de justiça, eu não digo vingança, mas sim justiça. Só uma mulher violentada é capaz de dizer a devastação que é passar por uma violência como Sansa passou e como todos os dias centenas de mulheres sofrem. A sentença dada a esses violentadores é extremamente branda e a injustiça que quase sempre prevalece, me fez sentir um misto de prazer, alegria e justiça ao ver a forma como Ramsay morreu. Há de se destacar que a morte de Ramsay não se deu exclusivamente pela violência que Sansa sofreu, mas sim pelo conjunto da obra desgraçada desse personagem tão sádico.

Sentir-se justiçada pela ação da personagem explica a paixão que temos pela história da personagem. E transferir essas ações para uma possível realidade, me fez refletir sobre como somos miseráveis do ponto de vista humanitário, desejar a morte de outrem, nos faz ser tão miseráveis quanto este que tanto mal fez? Não sei, não vou por esse lado, porque entre o desejar e o agir há um longo caminho, desejar, nós desejamos muitas coisas, sejam boas ou ruins, isso é da natureza humana, mas as questões éticas, políticas, religiosas e etc, nos dá freio, pois sabemos das consequências.


Ontem, na batalha dos bastardos, o ponto alto, foi olhar de Sansa que para mim, representou o olhar dos frágeis e sobretudo o olhar da mulher que sofre violência.



Fonte da imagem: google imagens


Tatty Alcantara



sábado, 18 de junho de 2016

Desassossego



Me causa desassossego o barulho, me causa
me causa desassossego a mentira, me causa
me causa desassossego o sistema, me causa
me causa desassossego o veneno da alma

Me causa desassossego o ódio, me causa
me causa desassossego a dor, me causa
me causa desassossego o mal, me causa
me causa desassossego a voz que cala

Me causa desassossego a incompreensão, me causa
me causa desassossego o mensalão, me causa
me causa desassossego a desunião, me causa
me causa desassossego a falta da tua mão

Me causa desassossego as coisas não ditas, me causa
me causa desassossego a palavra mal dita, me causa
me causa desassossego as vidas perdidas, me causa
me causa desassossego as lagrimas sofridas






Tatty Alcantara





terça-feira, 14 de junho de 2016

Vergonha alheia do futebol da seleção brasileira


O último grande jogo que assisti da seleção brasileira foi aquele emocionante jogo Brasil X Holanda Copa 1998: Brasil 1x1 Holanda (Pênaltis: 4x2 Brasil). Aquela imagem do velho lobo Zagalo chamando os jogadores, pedindo raça e emprenho, foi inesquecível. Tafarel foi imbatível e o a seleção venceu.

 

O Brasil não ganhou aquela copa mas esse jogo ficou marcado. Em 2002 foi campeão, conquistou o penta, mas ainda assim, não teve aquele brilhantismo de 94 e daquele jogo contra a Holanda. Mas foi competente e conquistou o título. Depois disso, tivemos uma sucessão de fracassos que culminou em nocaute, ou fatality, naquele inacreditável 7x1 da Alemanha. Vai demorar muito, muito mesmo para que um outro jogo da seleção se sobreponha a essa vergonha.

 

Agora a seleção passa pelo vexame de perder na primeira fase da Copa América num grupo com seleções fraquíssimas e que em outras épocas a seleção derrotaria todas elas facilmente e com  muitos gols. 

 

O que está por trás dessa sucessão de fracassos? O técnico? Longe disso, embora não considere Dunga o técnico ideal, ele é o menos culpado de tudo isso. A CBF, instituição que comanda o futebol brasileiro, ainda é comandada por um homem que é investigado por corrupção e que se sair do Brasil corre o risco de ser preso. Só não é preso aqui.

 

Enquanto a CPF for comanda por corruptos, a seleção brasileira nunca mais ganhará nada, isso está muito claro. Não se vê mais aquela vontade de jogar na seleção, antigamente um jogador quando era convocado era motivo de orgulho, chorava e comemorava. Hoje tem jogador que esnoba, pede dispensa da seleção, se deixa dominar pelo clube. A prioridade hoje dos jogadores brasileiros é jogar na Europa, fazer fama e dinheiro. Lamentável. Enquanto isso, assistimos a Eurocopa com seleções que antes não tinham tradição no futebol crescendo cada vez mais, e apresentando um futebol digno de daquele que antes era admirado no mundo inteiro: O antigo futebol brasileiro. 




Tatty Alcantara

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A inumanidade nossa de cada dia

O que somos de humanos, somos de desumanos. Pouquíssimas pessoas são capazes de apontar o dedo para si. Ninguém se julga, isto deve ficar para os outros a quem sempre enxergamos imperfeições. A proporção que a humanidade foi crescendo, também é a mesma que foi se tornando egocêntrica e isso é muito triste.
O humano está em danação, em profunda danação, e só o reconhecimento do quão miseráveis somos, do quão estamos dependentes de uma misericórdia divina, é que pode quem sabe nos salvar.
Precisamos de compaixão.

A humanidade só terá salvação quando uma epifania nos fizer ver que só o amor é capaz de nos salvar. Pratiquemos uma ode ao amor e não ao ódio. O ódio só nos leva para baixo e o que está embaixo é tão ou mais feio que o inferno nosso de cada dia que é a inumanidade.




Tatty Alcantara

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Que é que isso hein?



E mais uma vez o assunto violência contra a mulher toma as redes sociais. Desta vez foram agressões verbais. Infelizmente tem muita gente que acha que agressão é só aquela que tira sangue. Aviso aos navegantes: não é.

Depois de tanto disse-me-disse e de me perguntarem - você viu o que Biel falou? Perguntei -  Bial? Não, Biel o cantor.

Eu não sabia que existia um “cantor” de nome Biel. Me explicaram quem ele era e o que ele fez. Então fui pesquisar sobre a tal figura e fiquei estarrecida com a quantidade de seguidores que esse menino tem e mais estarrecida ainda em ver que na verdade, ele não tem talento nenhum a não ser enorme habilidade de tirar fotos sem camisa.  Essa criançada está carente de ídolos. Na verdade, a idolatria não é nada sadia, muito menos quando o idolatrado não acrescenta nada a quem o idolatra.

As palavras que esse menino reproduziu nada mais são do que a repetição over and over do já ouvimos desde que nos entendemos por gente, é a perpetuação do macho adulto branco sempre no comando como diz a canção. Reflexo da criação machista e da necessidade de autoafirmação. Tem que dizer que é macho, tem que dizer que pegador, tem que dizer que come, e tem que dizer que mulher quando quer um homem só precisa abrir as pernas. Ah Biel! Tem que comer muito feijão com arroz. Você não entende nada de mulher, você é apenas um rostinho bonitinho com corpinho saradinho produzido pela indústria fonográfica para fazer dinheiro.


Baixa a bola e vai estudar, vai fazer aula de canto porque você está precisando viu!


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Não podemos nos acostumar



Nunca se falou tanto em violência quanto agora. Sobretudo a violência contra a mulher, mais especificamente a violência de estupro. Ninguém na face da terra é capaz de imaginar o que sente uma mulher violentada a não ser ela mesma. Eu não tenho a menor capacidade de saber, imaginar ou sentir o que uma mulher que passa por isso sente, mesmo eu sendo mulher. Ninguém imagina um dia passar por isso, nem no pior dos pesadelos.

Antigamente notícias como essas eram veiculadas nos principais jornais de rede nacional, e não tinha tanto alcance quanto agora. Hoje todos somos um veículo de informação. O que vamos fazer com a notícia é o que preocupa. Publicar videos de mulheres sendo violentadas é algo tão brutal quanto o ato de violentar visto que expõe a mulher à uma situação pela qual agora não sei nominar. 

Em casos que a intenção do vídeo é denunciar e prender os bandidos, há de se considerar a veiculação mas ainda assim com restrições. Agora quando o único intuito de quem publicou é o de difamar, denegrir, expor a mulher ou pessoa violentada como troféu, como sua presa, mostrar poder, esse deveria ser punido com total rigor. 

Para tudo há limites e uma pessoa de bom senso deveria saber o seu limite. Não compactuo de forma alguma com compartilhamento de videos como esse dessa menina que foi violentada no Rio de Janeiro. Não acho que seja necessário ver uma mulher sendo violentada para saber que ela foi violentada. Vejo como desnecessário, em nada vai ajudar, pelo contrário, só fará a exposição da vítima ser ainda maior. Vi muitas pessoas nas ruas e  nos ônibus comentando o vídeo sem mostrar nenhuma reação de repúdio, pelo contrário, a maioria comentava e ria como se fosse uma piada. 

Não podemos nos acostumar com videos como esse, não podemos nos acostumar a ver pessoas sendo violentadas, espancadas, mortas e expor isso como se fosse algo normal. Não é normal. Não podemos nos acostumar a achar que isso acontece toda hora e por isso é algo natural, não é natural. O estupro é uma violência, é uma aberração e deve ser visto como tal. Tem que ser combatido com leis mais severas. 

O que acontece quando uma mulher agredida ou violentada liga para o 180 e denuncia? Será que a assistência a essas mulheres é eficaz? Porque temos visto tantos casos de mulheres que já registraram queixas várias vezes, tendo inclusive conseguido ordem de restrição, mas ainda assim são assassinadas? O 180 é importante mas acho que como as leis são muito brandas, acaba não sendo tão eficaz, ainda assim, no atual cenário, é o único meio legal de buscar ajuda. 




Tatty Alcantara