terça-feira, 22 de abril de 2014

Amar...

Amar,
é quando falta o ar.
É não conseguir dormir,
é ter o que sonhar.
Amar, é entregar-se,
é doar-se,
é devanear.
E a dor que o amor causa,
é a mais gostosa de se ter.
Eu quero essa dor,
por mais que doa esse doer.


Tatiane Alcantara

terça-feira, 15 de abril de 2014

Torcer ou não torcer, eis a questão

         Muito se tem discutido sobre os gastos com a copa do mundo. Sabe-se que o valor é gigantesco. Historicamente, nunca se viu o governo brasileiro (e não adianta dizer que é só dinheiro privado que sabemos ser mentira) gastar tal valor, em coisas essenciais, os quais todos nós já estamos cansados de saber que são primordiais à vida: saúde, educação, moradia, emprego etc. Bate-se sempre na mesma tecla. E ainda assim, temos todos os problemas envolvendo esses setores. Os problemas, existem, desde que o Brasil é Brasil, e sempre existirão. É perfeitamente compressível que as pessoas agora estejam inflamadas, e se posicionando contra a copa do mundo. Uma coisa eu tenho certeza, se o Brasil não estivesse sediando a copa, esses problemas não seriam menores. Isso é fato. Há um jogo político por traz de tudo isso. 
        O Brasil se não me engano, atualmente é a sexta economia mundial e ficou em penúltimo lugar no ranking mundial de educação realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU) ficando na frente somente da Indonésia. Como um país que tem a sexta economia do mundo está em penúltimo lugar na educação? Reflitamos: “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. O que as pessoas devem fazer, é dar a resposta nas eleições. Temos muitas figurinhas carimbadas no cenário político, sempre elegemos os mesmos. É hora de fazer uma limpeza, e eleger novas caras, lembrando sempre de pesquisar a bibliografia dos indivíduos políticos.  
        Agora falando apenas e tão somente por mim, vou encarar os fatos. A copa vai acontecer, de uma forma ou de outra. Eu sou amante do futebol. E vou torcer pela seleção brasileira. Vou torcer pelas seleções que gosto. Vou torcer pelo espetáculo do futebol. Vou torcer para que tudo aconteça na mais perfeita paz. E tenho certeza que todos esses que estão se posicionando contra, vão comemorar quando a seleção brasileira fizer um gol. 




Tatiane Alcantara

sábado, 12 de abril de 2014

Livros - Por Caetano Veloso


Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

#MiniConto 2 - Doce Rosa

Mia. Era uma menina muito meiga, alegre e adorava brincar.
Mia só tinha um problema: não gostava de comer.
O horário do almoço era algo digno dos contos de Edgar Allan Poe, tinha personagens, enredo, bichos e ruídos que causavam medo. Funcionava assim: A avó de Mia, uma doce Rosa, ia para o quintal da casa, e acompanhando a narrativa de quem alimentava Mia, fazia os efeitos acontecerem. Pedras no telhado, sons de bichos, galhos, e tudo que possa imaginar. A doce Rosa era uma figura. Um doce de pessoa.  
A narrativa comia solta, e a cada frase, a cada som que ouvia vindo do quintal, correspondia a uma colher de comida que Mia comia.
No final da narrativa, o prato de Mia estava praticamente vazio. Comera: carne, feijão, arroz e farinha.
No dia seguinte, ao perguntar a Mia o que ela queria comer, ela respondia: 

- minha avóooo, quero carne, feijão, arroz e farinha. 

E assim novamente se iniciava toda a tramoia construída para que Mia, se alimentasse.

Mia era feliz, fazia algo que não gostava de fazer, sem precisar que gritassem com ela, sem precisar que batessem nela. Apenas com a inteligência da doce Rosa, que no alto de sua sabedoria, sabia driblar todas as adversidades da vida.


Por Tatiane Alcantara

Para vovó Rosa, que era minha avó de coração.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

#MiniConto 1 - Na calada da noite

Era por volta de três da manhã.
Acompanhada de seus amigos, companheiros, de risos, cafés, CDs de Caetano, Chico, Los Hermanos e tantos outros, vindos de um show fanta laranja, cantando pelas ruas, madrugada à dentro. 
Na calada da noite, no silêncio que só a noite proporciona, eles, seus amiguinhos, são os únicos que ao avistar aquele grupo barulhento, rompendo o silêncio, parece de fato entender o quão bonita é a escuridão. 

- Meus amiguinhos! Grita ela, sob o efeito de várias latas de Smirnoff ice.

- Os brasileiros não sabem como tratar a sua gente! 

Grita a outra, num idioma que chegava muito próximo do espanhol, e que naquele momento todos tinham a certeza que era espanhol. E eles sorridentes, retribuem com sorrisos e buzinas. 

- O que seria das ruas sem os lixeiros? Grita ela.

E foi assim que nasceu uma amizade que dura até hoje. Onde quer que ela vá, tem sempre um lixeiro que lhe sorri, ou que buzina lhe chamando a atenção. E desde então, ela olha para essa gente com olhar terno, de quem reconhece o quão duro, desvalorizado, e discriminado é o seu trabalho. E o que é mais intrigante, é que sem eles, todos, sem exceção, viveriam num lixão. E mesmo assim, são vistos com olhos diminutivos.


Acordemos. 

Por Tatiane Alcantara

#5 elementos

Do ar, respirar
da água, hidratar
da terra, viver
do fogo, morrer
do mar, rejuvenescer
todos esses elementos
fazem a vida acontecer

Tatiane Alcantara

Haicai - Paulo Leminski


Mimeógrafo generation


Mimeógrafo generation, foram os poetas da década de 70 que imprimiam sues textos em mimeógrafos e faziam chegar às pessoas. Os versos desses poetas da mimeógrafo generation, eram as armas que eles tinham contra a censura e repressão que foram implantadas no Brasil nos idos da ditadura.
A poesia era entregue em forma de folhetos, jornais, manuscritos, pichações etc. Nestes versos de Paulo Leminsk é possível visualizar essa característica marcante da geração mimeógrafo:
·         O uso da palavra manuscrita
·         Uso proposital do efeito grafite, remetendo à procura por saídas.
A literatura tinha necessidade de explorar os seus limites. Duas características desses versos: a valorização da oralidade e um elemento visual marcante.



Fonte: CAMPEDELLI, S. Y. Poesia Marginal dos anos 70. Ed. scipione. 1995.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Selfie



Selfie nada mais é do que os famosos autorretratos. Quem nunca fez um selfie que atire a primeira pedra. É interessante observar esses fenômenos que a cada dia tomam conta da vida das pessoas. Elas se disseminam numa "velocidade estonteante". Basta alguém lançar a moda, e no dia seguinte, ou melhor, e no instante seguinte, vira febre. Até aí tudo bem, o selfie sempre existiu, só não era tão falado, e tão mostrado. Agora, interessante mesmo, é observar os tipos de selfies, tem para todos os gostos (ou desgosto). A moda da vez, após o bombardeio gerado pelo selfie  de Obama e pelo selfie do Oscar, é selfie pós sexo. Então funciona assim; o casal após a relação sexual, ainda despidos, e com suores à mostra, faz um selfie e publica nas redes sociais. Essa necessidade de aparecer acredito que esteja atrelada ao fato do indivíduo estar em uma constante busca por uma maior valorização de si mesmo. É uma tentativa, muitas vezes desesperada de agregar um valor que possivelmente elas acham que não tem, ou uma importância que acham não ter. Afinal, selfies geram muitos comentários, muitos elogios, faz o ego flutuar, e é disso que os "selfistas" possivelmente são tão carentes. Ou simplesmente, é por puro exibicionismo mesmo.

Por Tatiane Alcantara
Uma selfista anônima, afinal não terei a cara de pau de dizer que nunca fiz um selfie.