sábado, 23 de agosto de 2014

Haicai #32

O haicai é meu
Eu faço como quiser
seu Zé mané!





Perdoem-me, mas as vezes é preciso um pouco de acidez!

Conheço as regras do haicai, mas não me prendo a elas, muito menos limito-me a escrever apenas relacionando-o à natureza. Cada pessoa é livre para escrever o que quer da forma que quiser. E eu escrevo haicai sobre qualquer tipo de assunto, porque assim o quero. 

Tatiane Alcantara

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A espetacularização da morte



Hoje vi algumas reportagens sobre o velório do presidenciável Eduardo Campos. Não pude evitar a indignação em ver várias pessoas fazendo Selfie junto ao caixão. Qual a finalidade disso? Não sei.
Não basta a selfie, tem que dar um sorriso também. Foi-se o tempo que velório era lugar só de lágrimas e lamúrias. Virou espetáculo. A morte  tornou-se um grande espetáculo.
As pessoas ligam seus televisores ao meio dia para ver aqueles telejornais que mais cultuam a morte do a notícia em si. Se um acidente acontece na BR, engarrafa os dois lados, o lado do acidente, e o lado oposto, pois os carros passam desfilando para poder ver o morto e todo sangue que escorre dele. É a espetacularização da morte.
Voltando ao assunto Eduardo Campos, se fizermos uma pesquisa e perguntamos qual o nome das outras vítimas, uma parcela mínima saberá responder. Tanto os jornais de TV quanto os impressos e Internet, noticiaram, que o avião com o candidato a presidente caiu e 7 pessoas morreram. Ou melhor, morreram Eduardo Campos e mais seis pessoas. Sim, e quem são essas seis pessoas? Nomes? O que fazem? Porque estavam no avião? Não interessa, só interessa saber que o candidato a presidente morreu. Obviamente que pela posição que exercia de homem público e político, sua exposição era muito maior, mas a dor das famílias não é menor pelo fato dos outros seis não serem figuras públicas. 
Um acidente de avião é algo catastrófico, e quando acontece assim dentro de uma cidade, a catástrofe é ainda maior, graças a Deus ninguém em terra morreu. Um acidente com essas proporções causa muita comoção e quando envolve uma figura pública, a catástrofe é ainda maior?

Não consigo entender porque as mortes de transito não causam tanta comoção, como as dezenas e dezenas de pessoas assassinadas diariamente, não causam tanta comoção. É a espetacularização da morte, nós estamos acostumados com a morte. Virou algo rotineiro, e o tempo todo nos deparamos com ela, mas morrer é algo pelo qual ninguém pode fugir, isso é natural. Vai acontecer. O que não dá para acostumar é com a morte estúpida, por motivos banais. Não dá para se acostumar com jovens morrendo por causa de um celular, não dá para se acostumar com um irresponsável que mata outro com seu carro depois de ingerir bebidas alcoólicas etc. Não dá para se acostumar com um mundo que cultua a autoimagem. O anonimato é para poucos, hoje o que vale e o que interessa, é a superexposição a qualquer custo, nem que seja à beira de um caixão.

Obs: Nome das vítimas do acidente

Alexandre Severo Gomes e Silva, fotógrafo
Carlos Augusto Ramos Leal Filho, assessor
Eduardo Henrique Acioly Campos, candidato à Presidência
Geraldo Magela Barbosa da Cunha, piloto
Marcos Martins, piloto
Marcelo de Oliveira Lyra, cinegrafista
Pedro Almeida Valadares Neto, assessor de campanha e ex-deputado federal
Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/08/veja-lista-de-mortos-no-acidente-de-aviao-que-matou-eduardo-campos.html


Tatiane Alcantara

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Memória II

Encontrei por acaso uma querida amiga que não via a algum tempo. Por alguns bons minutos ficamos paradas conversando e tentando aproveitar o máximo aquele pequeno tempo para colocarmos o papo em dia. Mas quem disse que o tempo foi suficiente? Mas isso não é o X da questão, o X, é quando encontramos pessoas, que não importa quanto tempo demore sem ver ou falar, parece que falamos todos os dias. Isso é muito bacana, renova as energias. Posso contar no dedo as amizades que tenho, mas todas elas são de uma importância enorme. 


Tatiane Alcantara

Devaneios I

Essa semana estava no shopping center, não para fazer compras, ou olhar vitrines, mas porque era caminho para o meu destino: O centro da cidade do Salvador. Andando em passos largos e impaciente pelo andar mais que vagaroso das pessoas que essas sim, passeavam pelo shopping, vi uma cena que me chamou a atenção: uma jovem, (não era adolescente) sentada numa dessas lanchonetes famosas de fast food, tira uma foto da bandeja com o sanduíche e o refrigerante e posta em uma rede social, em seguida, vira de costas para a lanchonete e faz uma Selfie. Não, eu não parei para bisbilhotar o que a criatura fazia, mas era impossível não notar a ação, já que a intenção dela era justamente que todos vissem o que ela fazia. E sim, eu vi que ela postou em uma rede social, porque o celular dela é desses que mais parece uma televisão. Qualquer um vê o que a pessoa está fazendo. 

Isso é uma grande bobagem, não sei porque parei e fiquei refletindo sobre isso, o porque dessa exposição toda, ou melhor dessa necessidade de exposição, de mostrar e dizer a todo momento o que está fazendo. Não sei porque fiquei me perguntando o quão vazia essas pessoas são, ou seria eu a pessoa de mente ou coração vazio? Não sei, só sei que não pertenço a esse mundo de agora, não me vejo nesses modismos, não me atraio por coisas tão banais. 
Ou então das duas uma: ou eu definitivamente sou louca por dedicar um pequeno tempo para escrever sobre alguém anônimo, ou sou uma desocupada. 
Como não sou desocupada, só posso ser louca. 


Tatiane Alcantara