sábado, 20 de fevereiro de 2016

Meus ais

Pensamento desorganizado em estado de erupção.
Lavas ensandecidas, sem freio, na contra mão.
Eu meio que deixei, me desorganizei.
Exigi de onde não devia, não caibo neste lugar.
Afrontosamente, tento reorganizar. 
Mas, cada vez que tento, não sei onde vai parar.
Pensamento compassado em tons sustenidos, 
é a forma de um abrigo daquilo que quero expurgar. 
Os tons acidentais são lindos na pauta musical, 
mas enquanto não sai da cabeça, vira tons umbrais.
Meus ais são meus, é em mim que ele dói.
Quem me dera agora transforma-los em Dós

Tatty Alcantara

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O tesouro de Amy


Acabei de assistir o documentário sobre a vida de Amy Whinehouse. Fui tomada por uma tristeza profunda em ver o quanto no fundo ela era extremamente infeliz. Era muito talentosa, era talento que não cabia dentro dela. Não acho que o documentário atribui ao ex-marido e ao pai a culpa por seus problemas com álcool e drogas, obviamente que o ex e o pai tiveram parcelas significativas, afinal, percebe-se claramente uma certa ganância do pai em não ter que cancelar nenhum show. Seria hipocrisia do documentário se não mostrasse o pai e o ex, como um dos culpados, mas ela era um tipo de pessoa que não tinha limites, ela cresceu sem limites. Talvez a maior culpa do pai seja o fato de não ter dado limites, não ter dito um não na hora certa. Isso fica claro quando ela mesma relata seus traumas psicológicos pela separação dos pais.

Aquele show em que ela entra no palco e fica sem saber o que está fazendo ali, me tocou profundamente por ela estar daquele jeito e pelo fato de terem deixado que ela entrasse naquele estado. As lágrimas escorreram nessa hora, lembrei daquele vídeo de Raul Seixas que mostra o último show dele com Marcelo Nova na turnê A panela do Diabo, ele mal se aguentava em pé no palco, já debilitado pela doença causada pelo abuso de álcool. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a exposição desde cedo à imagem dela. Tudo era filmado ou gravado, ela não tinha um momento de sossego. Eu não diria que foi uma vida decadente, mas extremamente deprimente principalmente pela forma como a imagem dela foi explorada. Era para ser dessa forma, era para morrer jovem e deixar marcado para sempre o nome dela como uma das melhores cantoras dos últimos tempos, pena que além do talento, ela também tenha deixado tantas imagens tristes, pois o seu disco póstumo; "Lioness: Hidden Treasures" que obviamente se difere de Back to Black, mostra igualmente seu talento e sensibilidade em revisar canções que possivelmente eram suas canções preferidas que já que foram gravadas ao longo de muitos anos, incluindo a versão de Garota de Ipanema que eu particularmente gosto muito de ouvir na voz dela. O tesouro escondido de Amy, como sugere o título de seu disco póstumo, era a sua voz, o seu talento, o resto não me interessa.


Tatty Alcantara

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

E se...

Do sorriso fez-se canção
Cada riso numa entonação
Se com A tem-se um ou um
Se com ó tem-se um ou um Sol
Se com i tem-se o Mi

Com o Si, fica um e se...


Tatty Alcantara

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Aos que têm coração.

Entristeceu-se
pela notícia ruim
pela cidade que alagou
pela pessoa que morreu
pessoa que nem conheceu
mas alegrou-se

pelo coração enternecido



Tatty Alcantara