Mas era feio. Uma criatura magra, com uma cabeça
desproporcional ao resto do corpo e com sorriso característico. Muitos dentes!
Como eram alegres aqueles dentes.
Mas o que eram todos esses adjetivos, diante da beleza
daquela delicada pessoa. Aonde chegava, era querido. E capaz de despertar
paixões das mais calorosas. Gente muito boa. Muito boa mesmo.
E não é que ela se apaixonou! Joana suspirava. Bastava
pronunciar o nome do ditocujo, e parecia flutuar. E sonhava! Lá pelas tantas, a
coisa progrediu. Pronto, encontro marcado.
Joana se preparou toda, cabelo escovado, maquiagem, suspense,
tensão. Horas depois... ódio.
O ditocujo não apareceu.
– Bicho feio!
– Nunca mais você vai ouvir falar de mim.
Desculpa vai, desculpa vem, e a doçura do ditocujo a fez
esquecer este amargo episódio. E voltou a suspirar, a sonhar. Pronto, estava
apaixonada de novo. Afinal, imprevistos acontecem né! Estava perdoado. E como
prova, um novo encontro fora marcado, desta vez com a certeza de que tudo
sairia como combinado.
Joana se preparou toda, cabelo escovado, maquiagem, suspense,
tensão. Horas depois... ódio.
O ditocujo não deu às caras.
- Seu bicho feio! Quem guenta com esse seu dente de coelho?
Meu Deus que insanidade, me apaixonei pela cara da necessidade. Não entendo.
Como pude cair nessa sua conversa de malandro horrendo?
- Nunca mais você via ouvir falar de mim. Ah, mas eu juro que
nunca mais você vai ouvir falar de mim!
- Este dia, estou certa que vem. Seu cretino, acidente de
trem.
- E tem mais... não será feliz jamais.
- Mas não fique triste, pois uma coisa é maneira: Ah meu
caro, feiura, é um bem que você tem para vida inteira.
E resignou-se em ser apenas uma boa amiga, e apesar de todos
os adjetivos atribuídos ao ditocujo, Joana continuou suspirando por um bom
tempo.
Isso acontece todos os dias. Legal sua forma de nos narrar essa situação , pelo miniconto. ab.
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