Acabei de assistir o documentário
sobre a vida de Amy Whinehouse. Fui tomada por uma tristeza profunda em ver o
quanto no fundo ela era extremamente infeliz. Era muito talentosa, era talento
que não cabia dentro dela. Não acho que o documentário atribui ao ex-marido e
ao pai a culpa por seus problemas com álcool e drogas, obviamente que o ex e o
pai tiveram parcelas significativas, afinal, percebe-se claramente uma certa
ganância do pai em não ter que cancelar nenhum show. Seria hipocrisia do documentário
se não mostrasse o pai e o ex, como um dos culpados, mas ela era um tipo de
pessoa que não tinha limites, ela cresceu sem limites. Talvez a maior culpa do
pai seja o fato de não ter dado limites, não ter dito um não na hora certa. Isso
fica claro quando ela mesma relata seus traumas psicológicos pela separação dos
pais.
Aquele show em que ela
entra no palco e fica sem saber o que está fazendo ali, me tocou profundamente
por ela estar daquele jeito e pelo fato de terem deixado que ela entrasse naquele
estado. As lágrimas escorreram nessa hora, lembrei daquele vídeo de Raul Seixas
que mostra o último show dele com Marcelo Nova na turnê A panela do Diabo, ele
mal se aguentava em pé no palco, já debilitado pela doença causada pelo abuso
de álcool. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a exposição desde cedo à
imagem dela. Tudo era filmado ou gravado, ela não tinha um momento de sossego.
Eu não diria que foi uma vida decadente, mas extremamente deprimente
principalmente pela forma como a imagem dela foi explorada. Era para ser dessa
forma, era para morrer jovem e deixar marcado para sempre o nome dela como uma
das melhores cantoras dos últimos tempos, pena que além do talento, ela também
tenha deixado tantas imagens tristes, pois o seu disco póstumo; "Lioness: Hidden Treasures" que obviamente se
difere de Back to Black, mostra igualmente seu talento e sensibilidade em
revisar canções que possivelmente eram suas canções preferidas que já que foram
gravadas ao longo de muitos anos, incluindo a versão de Garota de Ipanema que
eu particularmente gosto muito de ouvir na voz dela. O tesouro escondido de
Amy, como sugere o título de seu disco póstumo, era a sua voz, o seu talento, o
resto não me interessa.
Tatty Alcantara
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