Hoje vi algumas reportagens sobre o
velório do presidenciável Eduardo Campos. Não pude evitar a indignação em ver
várias pessoas fazendo Selfie junto ao caixão. Qual a finalidade disso? Não
sei.
Não basta a selfie, tem que dar um sorriso
também. Foi-se o tempo que velório era lugar só de lágrimas e lamúrias. Virou
espetáculo. A morte tornou-se um grande
espetáculo.
As pessoas ligam seus televisores ao meio
dia para ver aqueles telejornais que mais cultuam a morte do a notícia em si.
Se um acidente acontece na BR, engarrafa os dois lados, o lado do acidente, e o
lado oposto, pois os carros passam desfilando para poder ver o morto e todo
sangue que escorre dele. É a espetacularização da morte.
Voltando ao assunto Eduardo Campos, se
fizermos uma pesquisa e perguntamos qual o nome das outras vítimas, uma parcela
mínima saberá responder. Tanto os jornais de TV quanto os impressos e Internet,
noticiaram, que o avião com o candidato a presidente caiu e 7 pessoas morreram.
Ou melhor, morreram Eduardo Campos e mais seis pessoas. Sim, e quem são essas
seis pessoas? Nomes? O que fazem? Porque estavam no avião? Não interessa, só
interessa saber que o candidato a presidente morreu. Obviamente que pela
posição que exercia de homem público e político, sua exposição era muito maior,
mas a dor das famílias não é menor pelo fato dos outros seis não serem figuras
públicas.
Um acidente de avião é algo catastrófico,
e quando acontece assim dentro de uma cidade, a catástrofe é ainda maior,
graças a Deus ninguém em terra morreu. Um acidente com essas proporções causa
muita comoção e quando envolve uma figura pública, a catástrofe é ainda maior?
Não consigo entender porque as mortes de
transito não causam tanta comoção, como as dezenas e dezenas de pessoas
assassinadas diariamente, não causam tanta comoção. É a espetacularização da
morte, nós estamos acostumados com a morte. Virou algo rotineiro, e o tempo
todo nos deparamos com ela, mas morrer é algo pelo qual ninguém pode fugir,
isso é natural. Vai acontecer. O que não dá para acostumar é com a morte estúpida,
por motivos banais. Não dá para se acostumar com jovens morrendo por causa de
um celular, não dá para se acostumar com um irresponsável que mata outro com
seu carro depois de ingerir bebidas alcoólicas etc. Não dá para se acostumar
com um mundo que cultua a autoimagem. O anonimato é para poucos, hoje o que
vale e o que interessa, é a superexposição a qualquer custo, nem que seja à
beira de um caixão.
Obs: Nome das vítimas do acidente
Alexandre Severo Gomes e Silva, fotógrafo
Carlos Augusto Ramos Leal Filho, assessor
Eduardo Henrique Acioly Campos, candidato à Presidência
Geraldo Magela Barbosa da Cunha, piloto
Marcos Martins, piloto
Marcelo de Oliveira Lyra, cinegrafista
Pedro Almeida Valadares Neto, assessor de campanha e ex-deputado federal
Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/08/veja-lista-de-mortos-no-acidente-de-aviao-que-matou-eduardo-campos.html
Tatiane Alcantara
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