A
mulher “bela, recatada e do lar” acorda sempre muito cedo. Tem uma agenda
cheia. Prepara o café da manhã, arruma os filhos, os leva para a escola, volta
para casa e começa um trabalho pesado para que tudo fique ao gosto do seu
chefe. Sim, na maioria das vezes, as mulheres não têm maridos, têm chefes.
Arruma a casa, lava roupa, passa, cozinha e ao final do dia, tem que se manter
sorridente e arrumada (bela e recatada) de preferência. A submissão é o “bem”
mais admirado pelos seus chefes. Manter-se bela é quase que uma obrigação, pois
corre-se o risco de ser trocada por outra, ou que o marido, digo o chefe,
arrume outra para satisfazer seus desejos, enquanto a do lar será responsável por
manter o status quo.
Embora
o termo tenha sido muito criticado, gerando avalanches de memes, é preciso lembrar que em lugares longínquos, principalmente áreas rurais, cidadezinhas do
interior e até mesmo nos grandes centros, esse modelo ainda perdura e muito, e
quase sempre não é por vontade da mulher e sim por medo. Além de perdurar,
arrasta consigo uma triste realidade, pois a mulher que se “rebela” é agredida,
torturada e muitas vezes morta, porque na visão desses maridos, elas são
propriedades suas, e como propriedade eles fazem o que querem.
A
submissão feminina na sociedade, reflete o machismo que insiste em perdurar, mas
é preciso lembrar que o espaço conquistado pelas mulheres ao longo das últimas
décadas, vem consideravelmente mudando essa realidade. E é por causa dessas
mudanças que uma revista como a VEJA publica esse tipo de matéria, não é do
interesse da maioria dos homens que as mulheres sejam mais bem sucedidas que
eles, muito menos que sejam capazes de ocupar espaços muito maiores que os seus,
não é do interesse de uma revista como a VEJA, que as mulheres sejam capazes de
contestar, de apontar, de peitar, de pensar, de ser livre e principalmente, ser
“bela, recatada e do lar” se assim for do seu interesse.
Há homens que se despem desse regime ditatorial e machista, homens que são maridos, que têm filhos e dividem as responsabilidades com suas esposas. Esses as têm como companheiras para a vida e não como propriedade.
Há homens que se despem desse regime ditatorial e machista, homens que são maridos, que têm filhos e dividem as responsabilidades com suas esposas. Esses as têm como companheiras para a vida e não como propriedade.
Para
a revista Veja, ser “bela, recatada e do lar” é requisito necessário para ser
considerada uma mulher de exemplo. Para a maioria das mulheres, a Veja é um
esgoto a céu aberto.
Tatty Alcantara
Tatty Alcantara
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